É a pergunta que todo gestor, diretor e profissional de RH se faz ao receber uma notificação da Justiça do Trabalho: "quanto tempo, de fato, demora um processo trabalhista?" A incerteza consome recursos, congela orçamentos e desvia o foco do que realmente importa: o crescimento do negócio. A resposta, até agora baseada em experiências isoladas, finalmente pode ser encontrada nos dados. E ela é mais longa e complexa do que a maioria imagina.

A jurimetria — a ciência de dados aplicada ao Direito — nos permite analisar os números oficiais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e revela uma verdade chocante: a "expectativa de vida" de um processo na primeira instância pode chegar a 1.100 dias, ou quase 3 anos. E mais: a depender do estado onde sua empresa opera, a espera por uma primeira sentença pode ser quatro vezes maior do que em outra localidade.

Neste guia definitivo, vamos parar de adivinhar. Vamos usar a jurimetria para responder à pergunta central, criando o "mapa da justiça" no Brasil. Você entenderá onde os processos são mais rápidos e mais lentos, por que a primeira instância é o verdadeiro gargalo e como usar esses dados para tomar decisões de negócio mais assertivas, transformando a gestão do seu passivo trabalhista de um jogo de azar em uma ciência.

O panorama nacional: o custo de 3 anos de espera

Antes de mergulharmos no mapa, precisamos entender a jornada. Os dados nacionais do CNJ quebram um mito comum: a culpa da demora não é, majoritariamente, dos recursos. O grande gargalo está na primeira fase do processo.

Essa diferença brutal acontece porque a 1ª Instância é a fase de produção de provas (audiências, perícias), um trabalho mais lento e complexo. Saber disso é crucial: a maior parte da "vida" de um processo é gasta esperando pela primeira decisão, consumindo recursos e gerando incerteza por anos.

Painel de celeridade: o tempo do processo em cada tribunal

A média nacional esconde uma realidade ainda mais estratégica: a eficiência da Justiça do Trabalho não é uniforme. Operar em um estado pode significar uma espera muito maior do que em outro. Navegue no painel interativo abaixo para comparar o tempo médio de julgamento em cada Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Brasil.

Os rankings: onde a primeira sentença demora mais (e menos)?

A análise do painel nos permite criar rankings claros. Para uma empresa com operações nacionais, saber quais são os tribunais mais sobrecarregados e os mais ágeis é uma informação de inteligência competitiva. Abaixo, detalhamos os 5 TRTs mais lentos e os 5 mais rápidos para proferir uma primeira sentença.

O mito do recurso: velocidade não significa sucesso

A relativa rapidez dos recursos (média nacional de 112 dias) pode levar a uma conclusão perigosa: "Já que é rápido, vamos recorrer sempre". Aqui, a análise precisa ir além do tempo e olhar para a eficácia. A velocidade não garante a vitória.

Conforme detalhamos em nosso artigo "Recursos Trabalhistas São Ineficientes?", dados do próprio Tribunal Superior do Trabalho (TST) mostram que a esmagadora maioria dos recursos interpostos pelas empresas não consegue reverter as decisões das instâncias inferiores. O índice de sucesso é estatisticamente baixíssimo.

Isso significa que, após esperar anos por uma sentença, a empresa frequentemente gasta mais tempo e dinheiro em uma etapa com altíssima probabilidade de insucesso. É uma aposta de alto custo e baixo retorno, uma decisão que deveria ser sempre baseada em uma análise fria de dados, e não na emoção.